A droga se faz amiga, mas ela quer sua vida

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terça-feira, 11 de outubro de 2011

Rigidez pode frear dano do alcoolismo


Willian Novaes
Do Diário do Grande ABC
Um plano para combater o álcool de frente, sem desvios. Esse foi o resultado da pesquisa Políticas Públicas para o Álcool, realizada pelo psiquiatra Ronaldo Laranjeira. Um dos maiores estudiosos sobre dependência química, ele identificou, com auxílio do pesquisador Marcos Romano, quais são as medidas que precisam ser adotadas pelo poder público e sociedade para frear as terríveis consequências do alcoolismo.
Entre os pontos previstos, está a obrigatoriedade de licença para comercializar bebidas alcoólicas, controle de dias e horários para a venda, maior fiscalização e punições severas para quem não respeitar as leis e o aumento do preço dos produtos.

Essas formas de prevenção, aliadas com políticas de redução de problemas específicos, como beber e dirigir e beber abaixo da idade mínima, podem criar um clima para a redução no número de dependente alcoólico e de pessoas atingidas indiretamente.
Os inúmeros dependentes ouvidos pelo Diário informam que a facilidade e o preço baixo são dois dos principais motivos para abusar. "Não tem jeito, para beber não precisa fazer muito. Em qualquer lugar a gente toma uma cachaça por R$ 1", disse André, 27 anos, que passou 17 anos usando diversas drogas em conjunto com o álcool.
Segundo Laranjeira, aumentar o preço é uma das políticas de redução que poderá trazer bons resultados, como na Austrália, Bélgica, Canadá, Alemanha, Itália, Reino Unido e Estados Unidos. Entre as conclusões, está a lei de mercado, se o preço do produto aumenta, o consumo cai.
As experiências relatadas pelos pesquisadores têm como base estudos produzidos por outras nações e conhecimentos próprios. A tese até prevê um embate com a indústria de bebidas e dos proprietários de bares e restaurantes, que provavelmente irão se opor às restrições.
DANOS
Os números apresentados mostram que 15% da população masculina adulta bebe de forma abusiva, metade dos acidentes automobilísticos é devida ao abuso de álcool. Na área criminal, mais da metade dos homicídios está relacionado ao problema. Na esfera médica, 20% das internações em clínica geral e 50% das internações masculinas psiquiátricas são motivadas pelo consumo de bebidas alcoólicas.
"A sociedade brasileira está pagando um alto preço pela falta de proteção com relação ao álcool", descreve o psiquiatra Ronaldo Laranjeira.
Outro fato de destaque na pesquisa é o papel que pode ser exercido com a mídia. Atualmente, a publicidade, mesmo com as normas impostas pelos governos, ainda utilizam personalidades para promover o consumo. A proposta de Laranjeira é que a campanhas publicitárias e educativas sejam feitas, mas que essas atitudes não são satisfatórias, e é necessário criar um clima de divulgação na sustentação das políticas públicas relacionadas ao álcool junto à imprensa, chamado de marketing social e Media Advocacy (apoio da mídia).

Combate ao álcool ajudaria a diminuir acidentes e violência
Um dos principais objetivos do estudo é implementar programa que permita redução nos números de assaltos, homicídios, suicídios, violência doméstica, agressões físicas, acidentes automobilísticos, internações e idas nas emergências hospitalares devidos às doenças causadas pelo álcool.
Na outra ponta, está a tentativa de criar controle para minimizar problemas em populações especificas, como adolescentes e idosos. Uma das ações é encontrar forma de reduzir a chance dos jovens conseguirem comprar bebidas alcoólicas. O Diário revelou que os adolescentes não encontram qualquer tipo de dificuldade para adquirir bebidas em postos de combustíveis e em redes de supermercados.
Em outra pesquisa, Laranjeira informa que a bebida alcoólica é a droga mais consumida pelos adolescentes brasileiros.

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